Baquetas, música e inclusão: De crianças a idosos, projeto reúne até 400 bateristas para tocar rock em museu
20/09/2025
(Foto: Reprodução) Projeto reúne até 400 bateristas para tocar rock em museu de Caçapava
Há quatro anos, centenas de crianças, adultos, idosos e pessoas com deficiências se reúnem uma vez por ano em Caçapava, cidade no interior de São Paulo, viajando até 530 km, com uma missão: tocar bateria.
🥁 🤘 Neste sábado (20), data em que é celebrado o dia do baterista, o g1 conta a história do projeto Drum Day, que tem a bateria como alma e tenta passar o amor pela música de geração em geração.
Realizado anualmente, o evento tem se tornado tradição na cidade e está unindo bateristas de diversos cantos do Brasil. A edição 2025 foi feita em abril e reuniu 400 pessoas - leia mais abaixo.
✅ Clique aqui para seguir o canal do g1 Vale do Paraíba e região no WhatsApp
Organizado por Pedro Bottan, produtor musical e comerciante, de 59 anos, e Mario Harada, professor de bateria e músico, de 51 anos, a celebração começou através de uma conversa entre amigos sobre planejar algo semelhante ao que eles viram em um vídeo na internet.
"Nós compartilhamos, um com o outro, uma filmagem de um evento de bateria que aconteceu nos Estados Unidos e pensamos na ideia de realizar um parecido. Com a chegada da pandemia, o plano foi adiado e, logo após o fim das restrições, colocamos em prática e percebemos o quanto a comunidade de bateristas sonhava com um encontro desse tipo", explicou Pedro.
Mario Harada e Pedro Bottan são amigos e organizadores do projeto Drum Day.
Arquivo pessoal/Pedro Bottan
Com início em 2022, o projeto reuniu, na sua primeira edição, cerca de 80 bateristas tocando ao mesmo tempo, na Praça da Bandeira, a principal da cidade de Caçapava.
"O espaço era pequeno. O público ficou muito próximo e até subiu em árvores para assistir, mas foi justamente esse clima intimista que deu o pontapé inicial", disse.
"Na segunda reunião, dobramos o número de participantes e tivemos ajuda de parceiros. 2024 foi a grande virada de chave, pois batemos a meta de 250 inscritos, tivemos a adesão das maiores marcas de bateria do mundo e trouxemos Duda Neves, um dos mestres da bateria brasileira, além do Ricardo Confessori, ex-Angra e Shaman. Esse foi o ano em que o Drum Day passou a ter visibilidade nacional", completou.
Em 2025, o evento aconteceu no Museu Roberto Lee, em abril, e houve 380 inscrições oficiais, que somadas as bandas de apoio, participações especiais e outros músicos convidados, como o Charles Gavin, baterista do Titãs, ultrapassou a marca de 400 pessoas tocando juntas.
Para participar, os inscritos pagam apenas o valor da camiseta oficial, que serve como ingresso de acesso ao local. A quantia é revertida em prêmios sorteados durante o evento. Para o público, a entrada é gratuita.
Reunião de bateristas no projeto Drum Day, em Caçapava.
Arquivo pessoal/Celina Bottan
De acordo com o produtor musical, o Drum Day abrange mais o público do Vale do Paraíba, mas com o sucesso do evento, bateristas de outros estados, como Minas Gerais e Rio de Janeiro, já compareceram ao projeto.
Um exemplo é o carioca Josimar Barbosa, de 37 anos, morador de Madureira, que participou da edição de 2025 do projeto. Conhecido como Sonic Batera, ele começou a tocar bateria aos 11 anos de idade.
Técnico em Química de formação, ele toca nas bandas Pacto Social, de Punk Rock e Mau Presságio, de Punk Hardcore. Também é baterista do projeto Chucky Ramyrez e os Traidores do Movimento. Além disso, faz trabalhos como músico freelancer tocando outros tipos de estilo.
"A música para mim é um grande portal para outro mundo. Através da música pude realizar grandes sonhos, tocar em palcos que eu jamais imaginei e fazer diversas amizades. Acho que nasci para tocar bateria, pois sempre fui um grande amante de percussão", comenta.
Josimar Barbosa é morador de Madureira, no Rio de Janeiro e participou do Drum Day, em Caçapava.
Arquivo pessoal/Josimar Barbosa
O carioca conheceu o Drum Day através das redes sociais e se interessou imediatamente pelo projeto. Ele já estava organizando a logística para comparecer nas edições passadas, mas só conseguiu estar presente na deste ano.
"Vi que era um evento bem interessante onde eu poderia estar fazendo contato com músicos de outros locais. Com certeza estarei nos próximos eventos, pois é super organizado e existe uma ótima interação entre os músicos. Fui muito bem tratado por todos que participaram do evento, tinha uma ótima qualidade de som, enfim, foi perfeito".
Para conseguir participar do evento, Josimar alugou uma bateria em um estúdio e pediu a um amigo de São José dos Campos para levar até o local.
Segundo o organizador Pedro Bottan, o show principal tem duração de duas horas e o repertório principal são músicas de rock e pop rock, mas outros estilos também são incorporados para atrair pessoas de todas as idades.
Reunião de bateristas no projeto Drum Day, em Caçapava.
Arquivo pessoal/Celina Bottan
"Atualizamos nossa seleção de músicas a cada edição, mas a canção que sempre tocamos é “We Will Rock You”, da banda Queen, que se tornou quase um hino do Drum Day. Como não conseguimos ensaiar com antecedência, enviamos a playlist e os medleys previamente nos grupos para que cada um possa se preparar individualmente. A vibe do ao vivo é o que deixa tudo mais emocionante", disse empolgado.
Para Pedro, o evento é mais que apenas um show, é um encontro de gerações, gêneros e tribos, onde iniciantes, amadores e profissionais tocam juntos, se divertem e compartilham experiências.
"Queremos inspirar cada participante a aprender ou retomar o contato com a música, promover inclusão social, com participação de pessoas com autismo, síndrome de Down e PCDs. É uma celebração da música como força de união. Inclusive, existe uma lei municipal que oficializa o Drum Day como parte das comemorações oficiais da cidade, o que reforça o vínculo do evento com a cultura local", relatou.
Reunião de bateristas no projeto Drum Day, em Caçapava.
Arquivo pessoal/Celina Bottan
Veja mais notícias do Vale do Paraíba e região bragantina
